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Com dramaturgia assinada por Rodrigo Jerônimo e Marcos Fábio de Faria, Madame Satã é o terceiro espetáculo do Grupo dedicado à pesquisa de linguagem acerca do teatro musical e suas possibilidades.

 

MADAME SATÃ – UM MUSICAL BRASILEIRO

 

O mundo que rodeia uma das mais peculiares figuras brasileiras, aquele que carregou a alcunha de primeiro travesti do Brasil, Madame Satã, é a personagem escolhida para falar de um universo invisível: a prostituição, a pobreza, o racismo, a homofobia e toda a violência de uma sociedade calada frente ao preconceito e à intolerância.

 

A montagem apresenta Madame Satã antes mesmo de receber este nome. João Francisco dos Santos, foi um dos 18 filhos de uma família pobre. Trocado por uma égua, tornou-se, a duras penas, uma figura mitológica da Lapa carioca, sendo preto, pobre e homossexual, tudo isso no início do século XX. Cem anos depois, o que mudou?

 

Esta pergunta que ainda ecoa é o impulso para a criação do espetáculo, tomando Madame Satã a metáfora de uma ideologia política e também estética. Analfabeto de pai e mãe, como ele costumava dizer, o artista Madame Satã é símbolo da incorporação de elementos da cultura ocidental europeia à malandragem carioca, com caras referências às manifestações africanas.

 

O espetáculo dá continuidade à pesquisa de linguagem do Grupo dos Dez, desenvolvida desde 2008 sobre os musicais brasileiros, investigando como a ancestralidade e a corporeidade negras podem contribuir para os espetáculos musicais tipicamente brasileiros. A montagem foi realizada ao longo do ano de 2014, dentro do projeto Oficinão do Galpão, em Belo Horizonte, tendo estreado em janeiro de 2015. 

 

Com preparação corporal orientada pelo bailarino e ator Benjamin Abras, a corporeidade das danças afro-brasileiras sutilmente torna-se parte do trabalho, tendo como método principal o treinamento para a capoeira angola, o samba de roda, a dança dos orixás e a dança contemporânea. Dos terreiros de candomblé e das rodas de capoeira, deslocam-se os movimentos de origem afro brasileiros de seus locais originários para o palco, dando a eles significados diversos.

 

O espetáculo tem direção musical de Bia Nogueira, que conduziu um processo de experimentações sonoras e improvisações de melodias, com bases criadas por instrumentos musicais (harmônicos e percussivos), assim como a elaboração de letras que contribuam efetivamente para a dramaturgia. Neste processo foi erigida a trilha sonora inédita, criada pelos atores do espetáculo.

 

Há dois anos em cartaz, Madame Satã foi sucesso de público e crítica por onde passou. Em breve a dramaturgia será publicada em livro e a proposta do grupo é gravar um CD com as composições inéditas do espetáculo. Este espetáculo completa a trilogia afro-mineira de João das Neves que também dirigiu Galanga – Chico Rei e Zumbi, outros dois espetáculos que abordam a temática do negro e que foram apresentados anteriormente na CAIXA Cultural.

 

PRIMEIRA TEMPORADA EM SÃO PAULO TEM TAMBÉM DEBATE E OFICINAS

 

Selecionada no edital de Ocupação da CAIXA Cultural, a temporada inédita em São Paulo contempla ainda a realização de duas oficinas e um debate com o diretor João das Neves e elenco, tendo como temática A Brasilidade nos Corpos.

 

As oficinas, a serem ministradas pelo Grupo dos Dez, pretendem compartilhar a pesquisa de linguagem desenvolvida pelo Grupo desde 2008. A proposta é abordar a função da música no teatro como um todo e, em especial, no teatro musical tipicamente brasileiro. As duas oficinas, com carga horária de 20 horas cada uma, são fruto da pesquisa desenvolvida para a criação do espetáculo. São os dois pilares do Madame Satã: a corporeidade negra e a ação musical dramatúrgica.

 

A luta dos invisíveis retratada no espetáculo Madame Satã, pauta uma discussão necessária sobre as violências que permanecem ao longo dos séculos contra populações específicas. Rodrigo Jerônimo que assina a codireção do espetáculo e também a dramaturgia, destaca as adaptações realizadas ao longo destes anos em que a peça vem sendo encenada: "A cada apresentação, temporada ou reflexão que fazemos sobre o espetáculo, percebemos a necessidade da atualização da dramaturgia. Apesar de discursos de ódio estarem impregnados em nossa sociedade desde os primórdios é importante mostrar que os crimes permanecem impunes e continuam acontecendo no Brasil, como o assassinato do povo negro, indígenas e LGBT's".

 

O diretor João das Neves destaca a contemporaneidade do espetáculo, ressaltando como a história de Madame Satã perpassa a vida de muitos outros brasileiros: “Madame Satã vive. Vive na pujança do movimento negro que exige o reconhecimento cada vez maior de seu papel de protagonista na construção de uma sociedade mais justa; Vive na dignidade de movimentos que lutam contra a discriminação de gêneros, seja ela qual for”.

 

Anote na Agenda:

 

Data e horário:  De 8 a 18 de Junho. De quinta a domingo às 19h15.

Local:  Caixa Cultural São Paulo. Praça da Sé, 111 – Centro, próximo à estação Sé do metrô.

Duração: 80 minutos

Classificação: 16 anos

Ingressos: Grátis

 

 

MADAME SATÃ - UM MUSICAL BRASILEIRO

 

Em Madame Satã, o grupo se vale da biografia de um dos mais peculiares personagens brasileiros para dialogar com questões que permeiam a homofobia, o racismo e a homoafetividade. Com trilha sonora inédita, o espetáculo é entrecortado por textos ora poéticos, ora combativos, e traz à tona não apenas a biografia de Satã, mas dá visibilidade às pessoas invisíveis da sociedade que não se enquadram  na heteronormatividade vigente

30/05/2017

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